sexta-feira, 26 de julho de 2024

Livros para reflexão : Submissão

O personagem principal de “Submissão” é François, típico homem europeu contemporâneo. Doutor em literatura e especialista na obra de Huysmans (escritor francês do século XIX), exerce o cargo de docente na prestigiada Sorbonne.
François nunca se interessou por política, ao longo de sua vida viu os partidos usuais de centro-direita e centro-esquerda alternarem-se no poder, sem que isso impactasse seu modo de vida hedonista. Podemos considerá-lo uma pessoa “desenraizada”, suas relações são superficiais, já não mantém nenhum contato com os pais, que falecem durante a narrativa sem que isso lhe cause qualquer pesar. Os contatos românticos de François resumem-se a relacionamentos semi-descartáveis com jovens alunas; seus divertimentos mais constantes, a pornografia e a comida. Sem qualquer crença ou sentimento de transcendência, experimenta um profundo tédio em relação à vida e parece representar o atrofiamento emocional característico da sociedade a qual pertence.
Escrita em 2015, a história se passa em 2022, em uma França às vésperas de eleições presidenciais e agitada por uma guerra civil, ainda que abafada e mal noticiada pela mídia. De forma inédita, o pleito marca a ascensão de um partido islâmico associado à extrema esquerda. O novo presidente Ben Abbes não esconde seus planos de transformar a França, e depois a Europa, em uma califado muçulmano.
Assim, pela primeira vez, François vê sua vida mudar em função da conjuntura politica. Além de perder o emprego na Universidade, ele já não pode, nas ruas, desfrutar da visão das minissaias de belas jovens. Aos poucos, porém, descobre que seu antigo status poderá ser retomado a partir da submissão às regras do novo governo teocrático.
Submissão é uma obra inquietante de um autor polêmico, considerado ofensivo e islamofóbico pela crítica. Mostra como o macro cenário político altera e determina, qual uma avalanche, o micro cosmo, a vida particular do cidadão. Impactante, necessário e urgente; Houellebecq nos propõe várias reflexões, a principal: o custo da apatia e do relativismo humanista do ocidente será a destruição de tudo aquilo que um dia valorizamos como símbolos de civilização.
Imperdível!

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