06 - LINHA INTERNACIONAL DA DATA

 A Linha Internacional de Data (LID), também chamada de Linha Internacional de Mudança de Data ou apenas Linha de Data, é uma linha imaginária na superfície terrestre que implica uma mudança de data obrigatória ao cruzá-la. Ao cruzar a linha de data de leste para oeste ganha-se um dia e ao passar de oeste para leste subtrai-se um dia no calendário.



Por conveniência, a linha de data foi posicionada no globo terrestre do lado oposto ao Meridiano de Greenwich, mas localiza-se, na verdade, próxima ao meridiano 180. Há discrepâncias no seu desenho a fim de atender a diversos fatores geopolíticos, satisfazendo territórios que de outro modo se posicionariam parcialmente a leste ou oeste.


A primeira observação relacionada à LID ocorreu na expedição realizada por Fernão de Magalhães (1519-1522), a primeira a circunavegar o planeta. Os marinheiros sobreviventes, no retorno a Espanha, tinham a certeza de qual era o dia da semana, como confirmado por vários registros de navegação. Entretanto, os que estavam em terra insistiam que o dia era diferente. Embora possamos hoje entender o que ocorreu, o fenômeno causou grande surpresa na época, que fez com que fosse enviada uma delegação especial ao Vaticano para contar ao Papa a odisséia temporal ocorrida. O Papa da época achava que, assim, era possível voltar no tempo e até chegou a sondar a proibição da Linha de Data, mas no fim ele compreendeu tudo e aceitou a "regra".





Samoa quer alterar fuso horário para estimular economia




A medida escandaliza os líderes religiosos, que a consideram uma afronta à vontade de Deus

Sydney – As ilhas Samoa pretendem alterar seu fuso horário e se adiantar um dia, uma decisão pensada para favorecer a economia, mas que escandaliza os líderes religiosos, que a consideram uma afronta à vontade de Deus.

O arquipélago de Samoa se situa ao leste da Linha Internacional de Mudança de Data e vive 21 horas atrasado em relação à Austrália e à Nova Zelândia e, por isso, o primeiro-ministro samoano, Tuilaepa Sailele, propôs alterar o fuso horário para se aproximar de seus principais parceiros comerciais da Oceania e da Ásia oriental.

“Ao fazer negócios com a Austrália e a Nova Zelândia, a cada semana perdemos dois dias de trabalho”, afirmou Tuilaepa em comunicado.

“Quando aqui é sexta-feira, na Nova Zelândia já é sábado e no domingo, quando vamos à Igreja, já trabalham em Sydney”, acrescentou o governante.

O Executivo aprovou a proposta na semana passada, mas fontes diplomáticas samoanas na Austrália disseram na terça-feira à Agência Efe que “ainda não há um comunicado oficial”.

A economia de Samoa, país de 182 mil habitantes e de maioria cristã, depende da agricultura, das remessas de samoanos que vivem no exterior – a maioria na Austrália e na Nova Zelândia -, de um emergente setor turístico e do comércio, cada vez mais intenso, não só com a Oceania, mas também com países asiáticos, como China e Cingapura.

No entanto, a iniciativa não foi bem recebida por alguns setores econômicos e religiosos.

“Alguns líderes religiosos são completamente contra a mudança proposta porque dizem que é uma tentativa de interferir na vontade divina”, destacou o site de notícias samoano “Talamua”.

Além disso, a mudança deixaria a outra Samoa, a que está sob soberania dos Estados Unidos, a um dia de distância no calendário.

Saleile, quem promoveu com sucesso em 2009 a mudança de sentido do tráfico, destacou o lado positivo da ideia.

“Se mudamos a data, será possível viajar entre aqui e a Samoa americana, duas áreas com horário distinto, em menos de uma hora. Assim, será possível comemorar duas vezes o aniversário”, declarou o primeiro-ministro samoano à rádio australiana “ABC”.

A Linha Internacional de Mudança de Data, inventada pelo escocês Sandford Fleming no final do século XIX, foi fixada em uma conferência realizada em 1884 em Washington, para a qual Samoa e Nova Zelândia não foram convidadas e que foi organizada para decidir qual seria o primeiro meridiano: o de Paris ou o de Londres.

O defensor do de Greenwich, Richard Strachey, sugeriu que a mudança de data deveria passar “em um lugar desabitado da Terra e não no centro da civilização”.

Oito anos depois, o então governante do arquipélago, Malietoa Laupepa, estabeleceu em Samoa o fuso atual para facilitar o comércio com os EUA.


Também Kiribati, próximo a Samoa, decidiu em 1995 movimentar a Linha Internacional de Mudança de Data e unificar o tempo no arquipélago, onde a parte ocidental estava 22 horas adiantada em relação à oriental.

Assim, a Ilha Kiritimati, em Kiribati, é a primeira a receber o Ano Novo, embora este privilégio não seja amplamente reconhecido e provavelmente será ameaçado por Samoa, se a iniciativa do primeiro-ministro Sailele for adiante.



Fonte: Exame

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