Os ingleses são "governados" pela mesma rainha desde 1953. Em 65 anos, dez primeiros-ministros passaram pelo comando do parlamento. De seu trono, a rainha Elizabeth II viu quase metade do século XX se desenrolar desde que foi coroada aos 27 anos, após a morte de seu pai, George VI.
Depois de tanto tempo de reinado, uma pergunta surge com cada vez mais frequência na cabeça de seus súditos: "O que vai acontecer quando a rainha morrer?" Apesar dos monarcas ingleses não exercerem nenhum tipo de poder efetivo, já que o regime político no Reino Unido é a monarquia parlamentarista, a família real continua a causar fascinação — o casamento real de William e Kate teve a terceira maior audiência da televisão britânica.
De emissoras de TV a duques de Norfolk, os preparativos para o fúnebre acontecimento vêm sendo planejados há tempos — os primeiros esboços datam de 1960. Eles recebem o nome de Plano London Bridge.
A GALILEU organizou os principais pontos deste grande acontecimento descrito pelo The Guardian e fez uma lista dos nove dias envolvidos em todo o cerimonial, que se iniciam no momento da morte de Elizabeth e terminam no dia de seu funeral e consequente enterro.
1 - Assim que a rainha morrer, seu secretário particular irá contatar o primeiro ministro e informar a morte de sua soberana através de um código: “A ponte de Londres caiu”. O plano para todo o funeral da Rainha Elizabeth II foi nomeado como "Londo Bridge", ou seja, "A ponte de Londres".
2 - A informação de sua morte será, num primeiro momento, ultrassecreta. O comunicado será enviado através de uma frequência captável apenas por equipamentos específicos. Os destinatários serão os chefes de Estado envolvidos com os assuntos britânicos, que logo em seguida colocarão uma bandana preta em seu braço direito.
3 - Logo depois, um comunicado será enviado a todos os veículos de imprensa mais importantes do mundo. Enquanto isso, o site do Palácio de Buckhingam se tornará um site de página única mostrando a mesma mensagem de luto sobre um fundo preto.
4 - Na rádio BBC, um alarme desenvolvido especialmente para momentos críticos à nação (como ataques bélicos) irá soar. O aviso é tão raro que quase nenhum repórter da emissora afirma tê-lo ouvido.
5 - Em outras emissoras, o comando é diferente. Luzes reservadas para os mesmos propósitos mórbidos irão acender, avisando aos DJs de que eles devem mudar a música que estiver tocando para uma playlist específica destinada a momentos de tragédia e, logo que possível, fazer a transmissão para os repórteres. Alguns produtores contam que se as pessoas começarem a ouvir músicas tristes demais, devem ligar a televisão, pois algo de muito ruim aconteceu.
6 - Alguns especialistas na realeza britância já afirmam ter assinado um contrato de exclusividade com várias emissoras de televisão, e entrarão em ação assim que o evento ocorrer.
7 - Assim que os anúncios oficiais forem feitos, os britâncios serão liberados para voltar para casa mais cedo e os pilotos de avião anunciarão o acontecimento durante todos os voôs para fora ou para dentro dos limites do reino da rainha.
8 - Se a rainha morrer enquanto estiver em viagem, um caixão de emergência está sempre a postos para ser colocado em um jato e levado ao lugar onde a soberana faleceu. O caixão no qual ela será abrigada deve conter uma tampa falsa, em que entrarão as jóias da coroa.
9 - Não importando onde esteja, o corpo da rainha será encaminhado para a Sala do Trono, no Palácio de Buckinham. Lá, ela ficará sob um altar junto a uma mortalha. Também estará a postos o estandarte real e quatro Grenadier Guards (o clássico "guardinha" britânico) com seus chapéus inclinados sobre o rosto, os rifles apontando para o chão e em posição de guarda.
10 - Quem assumirá o comando das organizações do funeral será o 18º duque de Norfolk. Os duques desse condado são tradicionalmente os encarregados de cuidar dos preparos funerários desde 1672.
11 - Quaisquer partidas de cricket, rugby e hockey serão canceladas. Corridas de cavalo também. O futebol não. Já o National Theatre só interrompe sua programção se o falecimento ocorrer antes das 16h. Se a morte ocorrer após esse horário, o show deve literalmente continuar.
12 - Famílias europeias convidadas para o funeral ficarão no Palácio de Buckinghan. O resto dos convidados serão abrigados no hotel Claridge.
13 - No dia seguinte à morte dela, às 11 horas da manhã, Charles será declarado rei, onde passará por uma série de rituais de encontro com seus novos súditos.
14 - O funeral da rainha acontecerá nove dias após sua morte. Até lá, padres irão ensaiar as cerimônias necessárias, a guarda real irá memorizar os movimentos corretos e o Westminster Hall, no Palácio de Westminster, onde ocorrerá a vigília, será fechado e limpo. As velas utilizadas na Abadia serão transferidas para lá.
15 - As dez pessoas que carregarão o caixão real serão escolhidas e começarão a treinar para realizar o feito, já que a realeza é enterrada apenas em caixões revestidos de chumbo. O da princesa Diana, por exemplo, pesava aproximadamente 250 quilos.
16 - O palácio espera que meio milhão de pessoas venham ver a rainha. A cada 20 minutos um grupo diferente de soldados ficarão vigiando o caixão da rainha, em um total de 23 horas. O mais guarda mais novo fica perto da cabeça, o mais velho, nos pés.
17 - Outra procissão acompanhará a mudança do caixão para a Abadia de Westminster. A rainha será a primeira monarca britânica a ter seu funeral lá desde 1760. Quando o caixão adentrar o portal da catedral, às 11 horas, o país ficará em completo silêncio: estações de trem interromperão seus anúncios e motoristas de ônibus encostarão seus veículos e sairão deles em sinal de respeito.
19 - O dois mil convidados ficarão dentro da igreja, as câmera de televisão ficarão escondidas em simulacros de paredes de tijolos.
20 - Ao final da cerimônia, o caixão será levado para o claustro, onde será içado para baixo, até o jazigo real. Quando as portas da capela se fecharem, as transmissões serão interrompidas. E lá dentro, o então Rei Charles I irá jogar um punhado de terra vermelha de uma tigela de prata em cima do caixão.
Fonte: Galileu
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