Conheça a mitologia romana e 12 de seus principais deuses
A mitologia romana é o conjunto dos mitos e lendas que compunham a religião na Roma Antiga, civilização itálica que surgiu no século VIII a.C., com a fundação de Roma, e durou até o declínio do Império Romano, no século V d.C. A religião dos romanos era politeísta. Ou seja, os romanos adoravam muitos deuses, entidades que exerciam, segundo a crença, uma função protetora.
De um modo geral, os deuses romanos podem ser classificados em:
- Deuses domésticos, cuja função era zelar pelo lar e pela família, a célula da sociedade.
- Deuses que se ocupavam de cuidar do Estado, da cidade, ou seja, dos assuntos de interesse coletivo, como a agricultura, o comércio e a guerra.
Principais deuses romanos
1. Júpiter
Júpiter é o Zeus do Olimpo. Na mitologia grega, é o chefe supremo, Senhor do Céu e das Nuvens, e por isso é representado empunhando um raio. É, basicamente, o deus dos fenômenos celestes, como o vento e o trovão, e na hierarquia do Olimpo ocupa o primeiro lugar.
Em Roma, era o considerado o grande guardião do Estado e representava virtudes como a justiça e a honra. Júpiter era muito importante e adorado por todos os romanos. Era sob a sua proteção que os senadores decidiam a guerra. Antes de partir, os generais pediam sua bênção e, em caso de vitória, davam-lhe presentes.
2. Netuno
Na mitologia grega, Netuno é Poseidon, irmão de Zeus. Na divisão do Universo, coube a Poseidon as águas salgadas. Por isso, tornou-se Senhor do Mar. Como as atividades marítimas eram muito importantes para os gregos, Poseidon ganhou entre os gregos um lugar de destaque.
Os romanos já possuíam divindades ligadas ao elemento água antes da helenização de sua mitologia. O especialista em mitologias Félix Guirand afirma que talvez Netuno fosse, na sua origem, uma divindade a quem os romanos se dirigiam para pedir chuva nos períodos de estiagem. Com a influência grega, Netuno recebe de Poseidon a soberania dos mares.
3. Minerva
Minerva corresponde à Atena da mitologia grega, a filha de Zeus que, segundo o mito, não foi gerada por nenhum ventre. Zeus a criou, já adulta, sendo a sua filha preferida. Representa, entre outras coisas, a sabedoria, e seu símbolo é a coruja. É a deusa da cidade e da civilização.
Entre os romanos, Minerva é a junção da Atena com uma divindade etrusca. Era adorada por todos os romanos, mas em especial pelos artesãos e artistas. Também era considerada uma divindade guerreira, pronta para defender o Estado contra os inimigos de fora.
4. Marte
Marte é um deus muito importante na mitologia romana. Isso porque ele é, segundo a lenda, o pai de Rômulo e Remo, os gêmeos que foram abandonados num cesto no rio Tibre. De acordo com o mito, ambos foram amamentados por uma loba e mais tarde criados por um pastor. Rômulo se tornaria o fundador da cidade de Roma.
Era cultuado como o Deus da Guerra, da primavera e da juventude. Associou-se a ele Ares, deus pouco cultuado entre os gregos. Já entre os romanos Marte, com sua armadura reluzente e suas armas poderosas, era objeto de uma adoração fervorosa. Talvez fosse o mais popular dentre todos os deuses romanos.
5. Jano
Jano é um deus genuinamente romano. Originalmente um deus solar, Jano estava na origem de todas as coisas. Segundo o mito, Jano é quem ensinou aos itálicos, futuros romanos, a usar embarcações e o dinheiro. Protegeu o Capitólio da invasão dos Sabinos, fazendo brotar do solo uma fonte de água escaldante. O Templo de Jano ficava no Fórum Romano e suas portas ficavam fechadas em tempos de paz e abertas em tempos de guerra.
É o Deus das Portas, sejam elas públicas ou privadas. Seus símbolos são a chave, para abrir e fechar portas, e a vara, para afastar intrusos. Sua dupla face (bifronte) lhe permite olhar para o exterior e o interior da casa. Por extensão, tornou-se o deus das comunicações, dos portos e das estradas.
6. Juno
Corresponde à deusa grega Hera. É a esposa e a irmã de Júpiter. Originalmente, era chamada de Lucina, nome que vem da palavra luz. Por isso, Juno é a Deusa da Luz, bem como a divindade responsável por cuidar das mulheres, do casamento e da gravidez. Enquanto Deusa da Luz, é também deusa do parto.
Era a protetora das mulheres, invocada sobretudo por aquelas que tinham dificuldade para engravidar. Por tudo isso, era considerada a divindade do nascimento e da fecundação.
7. Apolo
Este deus preservou o nome grego quando foi introduzido na religião romana. É filho de Zeus, responsável por matar a terrível serpente Píton com suas flechas certeiras. Um dos deuses mais adorados na Antiguidade, Apolo era considerado o Deus da Verdade, responsável pela ligação entre o mundo dos deuses e o mundo dos homens. Prova disso era o Oráculo de Delfos, instituição importantíssima na Grécia Antiga. Acreditava-se que Apolo podia ajudar os homens a conhecer a vontade divina.
Em Roma, o primeiro templo em homenagem a Apolo, conhecido como Templo de Apolo Médico, foi construído no século V a.C., no período da República. Segundo o historiador romano Tito Lívio, o que teria motivado a construção do templo foi uma promessa feita ao deus estrangeiro durante uma grave epidemia ocorrida alguns anos antes.
8. Baco
Baco é outro deus estrangeiro assimilado pelos romanos. Originalmente, é o Liber Pater ("Pai Livre"), deus itálico ligado à fertilidade da terra e, por consequência, à fecundidade. Baco é o outro nome do deus grego Dionísio, Deus do Vinho, que os romanos associaram a Liber Pater.
Nos Bacanais, festas religiosas dedicadas ao Deus do Vinho, louvava-se ao deus através dos excessos carnais, da embriaguez e da liberalização dos costumes. Por isso, hoje em dia a palavra "bacanal" tornou-se sinônimo de orgia.
9. Mercúrio
É o deus romano do comércio. Mercúrio vem da raiz latina merx, que significa "mercadoria". De protetor dos comerciantes, tornou-se também protetor dos viajantes após a identificação com o deus grego Hermes, conhecido mensageiro de Zeus.
10. Vênus
Originalmente, Vênus é uma antiga divindade romana da vegetação. É identificada com a grega Afrodite, Deusa do Amor e da Beleza. E tal como Afrodite, era descrita pelos poetas romanos como a manifestação maior da beleza, diante da qual a Terra se enche de flores e alegria.
11. Saturno
Diz o mito que Saturno, para contrariar uma profecia que dizia que ele seria destronado por um filho, devorou todos os seus filhos logo após o nascimento. Só Júpiter escapou, salvo pela sua mãe, Reia. Anos mais tarde, a profecia se cumpriu. Saturno, então, deixou a Grécia e foi morar no Capitólio, local onde seria erguida a futura Roma. Lá, após ser acolhido por Jano, tornou-se rei dos povos itálicos, ensinando-lhes a cultivar a terra.
Era venerado pelos romanos como o Deus da Agricultura, representante das riquezas dos campos. Havia festas dedicadas a ele, com muitos comes e bebes e marcadas pelo desregramento e pela desordem, conhecidas como Saturnais, tradicionalmente realizadas entre 17 e 23 de dezembro. O auge das Saturnais foi no século III a.C.
12. Vulcano
Vulcano é um dos deuses latinos mais antigos. É, ao lado de Vesta, uma divindade do fogo, identificado com deus grego Hefesto. Vulcano é o Deus do Fogo. Mas o fogo de Vulcano não é o do Sol, nem o doméstico. É o fogo que vem das profundezas da Terra. Não é difícil imaginar que a palavra "vulcão" tenha derivado justamente do nome desse deus romano.
Mitologia romana e grega são a mesma coisa?
Muita gente pensa que a mitologia romana é uma cópia da mitologia grega, famosa por seus deuses fantásticos, de forte personalidade e super poderosos. A verdade é que a mitologia romana, embora bastante influenciada pela grega, tem as suas particularidades.
A assimilação dos deuses do panteão grego, que se dá sobretudo através da arte e da literatura, ocorre nos séculos III e II a.C. Roma já existia bem antes disso. E o povo romano caracterizava-se por um forte sentimento religioso. Mas, até a chegada definitiva dos deuses gregos, suas divindades não passavam de Numes, forças indefinidas, vagas, que podem ser traduzidas como um poder que está lá no céu.
Os deuses romanos eram ligados à vida prática. Ou seja, eram deuses úteis. Havia o deus que cuidava dos recém-nascidos. O que cuidava dos celeiros. O que zelava pelos lares. As atividades agrícolas também eram protegidas por um Nume.
Com a influência grega, muitos desses Numes foram alterados e associados aos deuses do Olimpo. Trata-se de um processo de identificação, sendo que alguns desses deuses, como Apolo e Plutão, tiveram seus nomes gregos preservados. Outros ganharam novos nomes, como Júpiter (o Zeus grego) e Netuno (Poseidon).
Mas é bom lembrar que a mitologia romana também recebeu elementos de outras culturas, como a etrusca, a persa, a síria e a egípcia, de modo que o seu panteão jamais poderá ser qualificado como puramente romano.
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